quinta-feira, 23 de junho de 2011

Eu sim. E você?

Remédio mata. Mc Donald's, casas de frozen de yogurt e comida japonesa, academia e loja de roupas tem uma em cada esquina como a reproduzir em série seres humanos mal nutridos, desorientados e iguais. Televisão transforma em gelatina o que um dia ja foi de textura mais aproveitável. Cinema agora só em shopping, com pipoca de borracha, ao lado de um caixa eletrônico 24 horas. Música no meio da rua só com autorização do governo para não atrapalhar o ronco acalentador dos automóveis. Livro só se compra se a propaganda estiver estampada na traseira do ônibus com um selo de best seller. Poesia é coisa de maluco e quem não quer trabalhar é vagabundo. Beber, hoje em dia, só se for pra ficar "doidão" e não lembrar de nada. Levantar a voz e falar sobre as coisas bem alto é coisa de revolucionário/revoltado e o silêncio bem dito é usado como desculpa para calarmo-nos uns aos outros por falta de coragem de se expressar. Não se pode confiar mais em ninguém e o último que sair apague a luz e pule da janela. Terreno vazio, arborizado e verde é sinal de que ainda faltam prédios a construir. A Arte é o caminho mais rápido pra delinquência, morangos o ano inteiro são produtos transgênicos (milagre da tecnologia moderna), brisa do mar que consegue ultrapassar as barreiras da cidade são bênçãos sopradas (milagre da natureza da terra) e divertimento é fazer piada de quem se deu mal (ônus de uma sociedade carente dela mesma). Condenar o pecado original é como ser uma menininha virgem esperando o príncipe encantado: eternamente guardado em si até o juízo final. A América Latina é o continente do futuro cujos filhos têm preguiça de vivê-lo no presente. O cartão de crédito posterga a condenação pelo valor material e no verso das notas de dinheiro você vai encontrar o que ja não mais existe no mundo real. 



Eu teria comido a maçã. E você?