segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tenho fobia de sala de aula. Não consigo me moldar na cadeira que me compraram para sentar. Não agüento ouvir os brados dos professores atrasados na própria época que arranjam maneiras de tornar tragável o ar mofado do quadro “negro”. Cheirar o pó do giz e descer as escadas ouvindo lamentos disfarçados de conversas interessantes, nas universidades. Tenho fobia de sala de aula. Prefiro os devaneios sem sentido dos moradores das boemias de bares de esquina ao comodismo pragmático dos homens escolarizados, robotizados. Quero a mentira orgânica, o erro verdadeiro, o não-eu, o não-nós, nosso. A memória vazia de estigmas antigos e o veneno doce do escorpião que pica o próprio corpo pra provar que não tem sangue de barata.

Alegria, Alegria.

Estou com medo de desistir da felicidade. A felicidade que se mascara oferecendo limitações como vantagens, polenizando sorrisos em panfletos de eventos, praias com sol e atribuindo conhecimento a universidades do século passado. É, a felicidade foi banalizada pelos que não a reconhecem como um estado de espírito, aceita pelos que se desesperam para tê-la. Como serei sem ser feliz? Estaria eu indo na direção certa se preferisse o sentimento orgânico a plasticidade cultivada em estufa para crescer robusta e fagocitar os carentes de sentimentos “anti-depressivos”? Não quero mais brincar de sorrir atoa. Quero sorrir atoa por não me vender a preço de custo para quem produz felicidade em série. Me manterei triste se esse for o único jeito de continuar tendo o controle sobre o nó da minha garganta, o sopro do meu coração, o frio da barriga.

Depois do sono

No reflexo do espelho embassado te vejo me olhando do banho. Eu, ainda cambaleando do sono,ardo ansiando pelas gotas d’água que ainda restarão do seu corpo recém enxugado. Descendo aos pés e regando meu pisar descalço, nos afogando em sussuros, claustrofobicamente em volto a um abrigo notívago que mas parece o repousar dos seus cabelos sobre a cama. Deito. Leito. De peito aberto e porta fechada. Espero-te voltar... Demora... Já se passaram 10 minutos desde que você se levantou.

Entre chaves

O momento. Intigante como o fogo de uma vela acesa que a cada movimento desfaz sua forma para imediatamente assumir outra, e depois outra e depois outra... O momento. Doloroso e doce como a ponta de uma caneta, como um cigarro aceso, como uma pálpebra se fechando. No momento, o agora, descubro o futuro do que não fui. E a cada momento estarei paralisado pelo tempo, consumido pelo futuro, no qual eu não sei quem serei.
O tédio é o mal do tempo, é o fundo vazio que surge quando tudo parece insatisfeito na vida.
O amor é egoísta. Ele quer ser amado. Anseia a correspondência na mesma intensidade, abdica de liberdade para amar a quem se quer.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caminhada

Eu só sei ser.
Seguir meus pés,
Abanar minhas mãos
Juntar as pernas das minhas calças
Cruzá-las, acender um cigarro
E explodir-me em devaneios
Errantes.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mas eu gosto.

Me fizeram acreditar que o amor é bonito.
Que nos jogam flores à beira de uma ponte
e lá embaixo está você em um barco,
com um vestido longo,
olhando pra cima e fechando os olhos
como quem espera a chuva chegar...
Não.
O amor é triste,
e nos jogam cacos de vidro
do telhado alheio,
estilhaçado.
Nos jogamos da ponte
e lá embaixo está você
em um barco, com um vestido longo,
olhando pra cima e fechando os olhos
esperando eu cair.
Mas eu gosto.

sábado, 13 de novembro de 2010

Válvula

No fundo do meu coração não tem nada. Não se guarda nada no fundo do coração, a não ser que você queira que seja esquecido e que fique empoeirado. Tudo que tem no meu coração transborda para dentro do meu corpo e sai pelos meus poros como algo que foge pelo ar, evaporado.

Ritos de passagem

O jogo do instante buscando

Se locomover ao infinito. 

O  suspiro do tempo só pode escutado

Por quem está com os ouvidos 

Bem perto da boca da eternidade. 

Sussuros longos. 

Tão longos quanto o bocejo 

Do poeta insone.

É a busca da imortalidade ideológica,

Da eterna carência nossa 

De estar aquém 

De nós mesmos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Passarinho de noite não canta.

Na arrastada noite de primavera
de hoje
passarinhos não cantam mais.

Da janela do meu quarto
mil luzes acesas me provam
que se faz dia a qualquer hora.

Pessoas esperando algo.
Acontecimentos que perderam a hora do trem
e não chegam nunca.

Pessoas aprendendo a conviver
com o tédio
noturno.

Passarinhos dormindo.

Pessoas dormindo
acordadas,
sonhando
acordadas,
acordando
acordadas.

Passarinhos dormindo.
Até o que está preso na minha gaiola
e teima em fingir que não ouve o
barulho do teclado.

Soltei. Na esperança de que ele acorde e voe.
Ele o fez.

Agora espero alguém
pra abrir a porta de casa.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Redenção

"O fundo do mar é o porto de todo naufrágio"  
Luizinho Alves

FADE OUT


EXT.MAR - DIA


Um homem se joga do barco.


INT.HOMEM - NOITE


Um mar se joga do homem.


EXT.MAR - DIA


Um barco naufraga.


INT da EXT.FUNDO DO MAR - NOITE/DIA


Omar, frágil embarca.




Pra
   onde?


                            FADE IN 






Em nada acredito 
a não ser nas pessoas
São elas que estão vivas
Em nada acredito, 
muito menos nas pessoas
São elas que pensam que viver é estar vivo.
Em nada acredito 
mas as pessoas
me fazem acreditar na minha descrença.
Em nada continuo não acreditando mesmo assim
já que as pessoas 
se fazem desacreditar nelas mesmas.
E assim vivemos num mundo, hoje,
de fantasmas:
ninguém se vê
ninguém se ouve
ninguém se move
ninguém se comove
Em tudo acredito, agora
que vi em mim uma descrença 
em mim mesmo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Metade

À todos que querem ser e acham que só ser é o suficiente. 
Ser é muito pouco. 
Eu quero rolar no chão descampado das incertezas universais, 
quero o rastro que deixo quando dou um passo adiante, 
quero lamber a tinta da caneta que me serviu de análise.
Quero as perguntas e não as respostas. 

Quero o meu individual. 
                                  Quero o meu indivíduo 
                                                                  dual.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO COMO ARMA POLÍTICA

Mais uma do meu Tio Ciro Alves da Silva:

A DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO COMO ARMA POLÍTICA

É curioso como a direita faz política no Brasil. Como uma parte da elite social, é obrigada a ter que participar da vida política, para, pelo menos, poder assegurar e manter alguns dos seus imensos privilégios; e, como não pode, evidentemente, revelar, exteriorizar essas reais intenções para a sociedade, pois seria um suicídio eleitoral na certa. Essa mesma direita, através dos seus representantes, legais e ilegais, composta por toda a sorte de ideólogo, conhecidos como formadores de opinião entre aspas, constituídos por jornalistas, cientistas sociais e outros, devido àquelas REAIS INTENÇÕES, que, como afirmei atrás, se reveladas seria o suicídio eleitoral, fica meio numa sinuca de bico, sem ter O QUÊ apresentar como conteúdo, que tivesse ao menos, uma pálida aparência de um projeto político para o país, um arcabouço, que fosse, de como resolver os enormes desafios e problemas nacionais. Dessa forma, a ausência de um projeto macro político, trás para a campanha da direita uma enorme lacuna, difícil de lidar e difícil de resolver. E como a direita resolve esse dilema? Na verdade, não resolve, ela contorna o problema, ela o tangencia. E como isso é feito? Muito simples, disposta a fazer qualquer coisa, para assegurar, manter e ampliar os seus privilégios, a direita dirige todas as suas baterias, armas e ferramentas, em direção ao seu(s) adversário(s) de ocasião. A primeira arma e em algumas ocasiões, bastante eficaz, é a arma da DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO, que as vezes funciona muito bem, outras nem tanto, depende da conjuntura, e quando funciona costuma causar grandes estragos ao adversário. É o caso, por exemplo, da questão do DESPREPARO DA CANDIDATA Dilma, e outros exemplos, já são tantos na atual campanha. A questão do aborto, é outro exemplo digno de ser citado, porque a di reita plantou essa questão entre os evangélicos e, de certo modo, deu resultado, atingiu os objetivos desejados, já que levou a eleição para o segundo turno. É a tática de plantar um boato maldito contra um adversário, repetí-lo e reproduzí-lo até à exaustão, e depois aguardar os resultados, esperar pra ver, que bicho vai dar. É legítimo dar um nome a essa prática política, não é outra coisa que, TERRORISMO POLÍTICO, ou seja, criar pânico e alarme entre a população, visando determinados objetivos políticos. Sobre a questão do despreparo da candidata Dilma, algum cronista político comenta num artigo de jornal, revista ou entrevista na tv, que a candidata y não é preparada. Em seguida, outro "formador de opinião", citando aquele cronista, repete o mesmo comentário, e assim, a coisa vai fluindo, vai aumentando, adquirindo vida própria, vai atraindo outros atores sociais para aquela posição. E  de repente, aquilo cola como etiqueta de preç o em mercadoria de supermercado, passa a fazer parte da personagem, como um carimbo, um clichê, escuta-se o nome daquele personagem, e logo aparece na mente aquela idéia maldita. Bem, o estrago está feito, praticamente não tem mais jeito, porque é como se você levasse o adversário para as cordas do ringue, a ele não resta outra opção, que não seja, ficar na auto-defesa, durante o tempo quase todo, e é aí, que vem o desgaste devastador. Dizem que à essa influência, praticamente ninguém escapa, nem mesmo aqueles, que se consideram conscientes. Isso me faz voltar aos anos trinta da Alemanha nazista, todo mundo alguma vez já deve ter-se feito a pergunta, de como uma população tão educada, com elevado nível cultural, foi cair numa roubada ideológica daquela. Mas talvez seja mesmo verdade, que uma mentira bem contada, e depois repetida muitas vezes, tem grande chance de tornar-se VERDADE, e em algumas ocasiões, em verdade quase absoluta. Como a di reita não tem projeto para o país, a não ser usar desses expedientes políticos da pior qualidade, que é a desqualificação do adversário, ainda resta alguma esperança, ou seja, preparar-se a contento, para o combate, para uma espécie de luta de classes na teoria, e desmascar a direita sempre que possível. Já que não dispomos das armas da crítica que, por princípio, não são convenientes, usemos da crítica das armas. É o que estou tentando, muito modestamente, fazer.

LEIAM E PENSEM

Texto escrito pelo meu Tio, Ciro, por causa de conversas com outras pessoas. Alguns deles foram mandados para a FOLHA DE SÃO PAULO:

"Dizer que a alternância do poder político é bom, é necessário, soa quase como um truismo, já que qualquer regime político, só é democrático, na medida que SUPÕE essa alternância. E exatamente é esse, o caso brasileiro, isto é, um regime democrático, pelo menos na esfera política, com eleições livres e direta para cargos executivos, como a presidência, a cada quatro anos, com a possibilidade de reeleição apenas uma vez consecutiva para os cargos executivos. É bom lembrar, que no caso brasileiro, pelo menos no atual momento, o estatuto da alternância não está correndo o menor risco, já que estamos passando, por absoluta normalidade e legalidade democrática, com todas as regras do regime político em vigor, e monitoradas pelo TSE. É bom lembrar ainda, que a questão da alternância como bandeira política, é mais pertinente, quando se está vivendo sob regimes dit atoriais. O que não é, repito, em absoluto, o caso do Brasil. Portanto defender a alternância de poder na atual conjuntura política, apenas por princípio, soa um tanto estranho, porque é como não se pudesse, pelo menos dar alguma chance ao eleitor de julgar determinado governo, a chance do eleitor poder aprovar ou não determinado governo. Dessa forma, não deveria haver, por sua vez, nem mesmo a reeleição, e quem sabe, quiçá, a própria eleição. Pois como o princípio maior, que rege um estado, por aquele ponto de vista, seria a alternância de poder, isto é, a alternância pela alternância, não deve caber mais ao eleitor, de acordo com aquele princípio, repito, decidir sobre o destino do estado anymore. Pois, se porventura, déssemos essa chance ao eleitor, o sistema político correria o risco de, segundo a vontade livre e majoritária do eleitor, dar continuidade a algum projeto político de um determinado governante, ou grupo político, uma co ligação de partidos, etc., COISA ESSA, que bagunçaria, por completo aquele princípio da alternância pela alternância. Portanto, se é dado pela legislação em vigor, ao eleitor o poder, de pelo voto livre, demonstrar a sua vontade soberana, o resultado será sempre IMPREVISÍVEL, porque pode sair vitorioso, tanto a situação como a oposição. Não são favas contadas aquela alternância, compreende? Não é certo que B irá substituir a A. No caso brasileiro, poderia apresentar inúmeros exemplos, mas vamos ficar apenas com o caso do estado de São Paulo, onde o governo tucano já governa lá há dezesseis anos consecutivos, e agora com a presente eleição de 2010, serão mais quatro anos, perfazendo um total de vinte anos de governo tucano, apenas num estado, e não se pode fazer nada para impedir isso, porque foi a vontade dos eleitores paulistas, e dessa maneira não foi possível haver nenhuma alternância. Por essa razão, veja como é complicado, essa coisa d e defender determinado princípio ou tese em abstrato, sem nenhuma conexão com a conjuntura, o contexto e a realidade. Voltando aos tucanos, nunca é demais lembrar, que o projeto de poder original, que os mesmos tinham para o país, também seria de no mínimo vinte anos no governo central, exatamente igual ao que eles estão ocupando na esfera estadual. Vinte anos de paulistério, porque o tucanato é e foi estruturado em Sampa, não é mais como na república velha, onde eles dividiam o poder com a república das minas gerais, a conhecida política do café com leite. Infelizmente pra eles, os tucanos, alguma coisa não fluiu como esperado, alguma coisa deu errado com o governo de oito anos deles, que fez com que o povo rejeitasse, apesar de todo o terrorismo político realizado durante a campanha política de 2002. Dizia-se até, caso Lula fosse eleito, que o Brasil viraria uma Argentina, que passava por uma terrível crise econômica. Imperava e passava-se um clima d e medo para a população, utilizando para esse objetivo, de atores e atrizes famosas, como foi o caso de Regina Duarte, lembra-se? HOJE, passados esses anos todos, podemos dizer com segurança, que o governo fhc, sucateou as universidades federais, arroxou os salários dos professores concursados, provocando um êxodo muito grande de doscentes, terceirizou-se o ensino e outras funcões e carreiras públicas, com enorme prejuízo na prestação dos serviços públicos à população carente, que é a que mais precisa dos serviços públicos. Tudo isso vinha no bojo do objetivo de reduzir o tamanho do estado, o chamado neo-liberalismo, que só podia se dar apenas na esfera econômica, porque a esfera política era um feudo, como acima, um projeto de vinte anos de poder. Fez-se a privatização de empresas públicas, usando o critério de aos amigos tudo, inclusive recursos do BNDES, aos inimigos nada, a ponto de numa conversa telefônica grampeada na época, o ministro Men donça de Barros dizer, que era uma temeridade fazer a privatização daquela maneira. O outro objetivo com as privatizações, seria reduzir o tamanho da dívida, e o resultado, pelo menos no que tange à dívida interna, multiplicaram-na por dez. Não havia quase crédito na praça, apenas os mais ricos podiam financiar a compra de imóveis e outros bens de consumo durável. A compra da casa própria para gente de baixo poder aquisitivo, não existia desde que faliram com o BNH. O salário mínimo, que era mínimo literalmente, não podia subir porque quebraria com previdência social, esse era um mantra por demais repetido ad nauseum. O país não crescia, e a desigualdade, que com o Real, havia melhorado um pouco, quer dizer, feito umas cosquinhas de nada na miséria, depois acomodou-se e acabou estagnando-se. Conforme foi se aproximando o fim do governo fhc e, com as enormes transferências de recursos públicos para os mais ricos, com o pagamento do aumento de jur os, as privatizações via BNDES, que como sabemos, as transferências de recursos do BNDES foi as escâncaras, a DESIGUALDADE E A INJUSTIÇA SOCIAL só fez aumentar. Distribuia-se recursos para determinados grupos econômicos e até mesmo indivíduos, poderem adquirir empresas e bancos estatais, sob critérios secretos e nada nada transparentes. Enfim, a lista de casos e exemplos são quase infinitos, prefiro, portanto, parar por aqui e deixar ao seu critério particular, fazer o juízo que desejar."


Ciro Alves da Silva.

PUBLICADO NO JORNAL DE ECOMONIST


 VALE A PENA LER, se bem que alguns ítens da lista abaixo, já estão defasados, como por exemplo: o salário mínimo pelo último câmbio do dólar à 1,70, seria 300 dólares; as reservas já perfazem mais do que 280 bilhões de dólares; o crédito disponível ao consumidor já ultrapassou os 45% do PIB, ou seja saímos de um patamar de algo em torno de 400 bilhões de reais em 2002 para algo como 1,6 trilhões de reais, não é pouco, não é mesmo? E tem a perspectiva de crescimento; E para concluir foram disponibilizados até o presente momento, mais de 14 milhões de empregos com carteira, segundo os dados do CAGED, e a previsão até o final de 2010 será ultrapassar os 15 milhões de empregos, e não os 11 milhões da lista abaixo. Abraço a todos mais uma vez, é preciso ficar atento e forte, como cantava Gal nos anos setenta. 

Ciro Lourenço.

PUBLICADO NO JORNAL THE ECONOMIST

The Economist publicou!
Situação do Brasil antes e depoisItens
Nos tempos de FHCNos tempos de LULA
Risco Brasil2.700 pontos200 pontos
Salário Mínimo78 dólares210 dólares
DólarRs$ 3,00Rs$ 1,78
Dívida FMINão mexeuPagou
Indústria navalNão mexeuReconstruiu
Universidades Federais NovasNenhuma14
Extensões UniversitáriasNenhuma45
Escolas TécnicasNenhuma214
Valores e Reservas do Tesouro Nacional185 Bilhões de Dólares Negativos160 Bilhões de Dólares Positivos
Créditos para o povo/PIB14%34%
Estradas de FerroNenhuma3 em andamento
Estradas Rodoviárias90% danificadas70% recuperadas
Industria AutomobilísticaEm baixa, 20%Em alta, 30%
Crises internacionais4, arrasando o paísNenhuma, pelas reservas acumuladas.
CambioFixo, estourando o Tesouro Nacional.Flutuante: com ligeiras intervenções do Banco Central
Taxas de Juros SELIC27%11%
Mobilidade Social2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
Empregos780 mil11 milhões
Investimentos em infraestruturaNenhum504 Bilhões de reais previstos até 2010
Mercado internacionalBrasil sem créditoBrasil reconhecido como investment grade

domingo, 29 de agosto de 2010

Negando a realidade

Não, você não é uma flor. As flores, presas ao chão, só dançam conforme o vento. Você voa, balança em todas as direções, caminha leve, reflete cor nas paredes brancas do meu quarto. O sol só amanhece quando você acorda e fica ali, escondido, esperando-te levantar. Você cheira a gente, a cama antes de dormir, dengo. Não..., você não pode ser uma flor. Uma flor é real demais.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Andava tanto tempo sumido sem dar notícias...
Um vulto rápido na imensidão da parede branca.
Agarrei-te como uma criança agarra a sombra de Petter Pan.
Seu opostos apostaram na minha disponibilidade
E eu inocente
Me vi detido nas grades do seu seu nome
Que vaga ecoando na minha cabeça.
O prazer que sinto de novo
Não é nada menos que a felicidade de achar compatibilidade.
Ja era tarde para o acaso. Enfim, chegou.
Amar é surpresa!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Do papel em branco poetas fazem parir poesias.
Escrevo por não saber o que fazer, assumindo, talvez, a inutilidade de tantos pensamentos frios e calculadamente engenhados por um escravo da dúvida.
Andar entre tantos rostos conhecidos e não me reconhecer em nenhum
Foi o jeito que arranjei de me refugiar de mim.
Fiz de meu diário um caleidoscópio tipográfico.
Tantos ruídos de passos.
Tantos sorrisos impensados.
Conheço mais a eles do que a mim.
Escreveria uma tese sobre eles mas não consigo terminar a primeira frase de minha biografia.
De que adianta tanto ponderamento, crítica, questionamento,se meus ativismos só satisfazem a mim?
Toda arte é feita para quem a está esperando pra ver.
Não há sem quem não a veja.

Começo a duvidar das minhas lentes,  com a justificativa rigorosa de querer ser criador e criatura ao mesmo tempo. Criador e obra.


domingo, 13 de junho de 2010

Nutrimos uma certeza de que somos tal que
Talvez não tenhamos a duvida do que somos.
Merecemos o que queremos
Só,
e só,
Pelo fato de querermos.
Não há merecimento em certezas de ser
Ou desmerecimentos na falta de dúvidas de não saber se é
Só há o fato de querermos
com todos os poros de nosso corpo.
E por querermos com tanta vontade,
merecemos, por tamanha coragem de querer
num mundo no qual ter é o primeiro passo pra perder.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Beaticamente falando"

"Alguma coisa a gente tem que amar,
Alguma coisa tem que ser nossa por completo."
E quando a nossa completa ignorância diante da certeza
de nunca ter nada por inteiro
aparecer diante de nós envolto em lençóis brancos e azuis
levitando,
cantando em coro,
talvez tenhamos, pelo menos, certeza de que antes
não havia nada que nos convencesse do contrário.
Agora a dúvida.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

À quem precisa do chão para se apoiar nos próprios pés,
Eu digo: Voem.
Ao poeta que nunca saberá do amor que conhece bem em seus rascunhos amassados,
Eu digo: Conforme-se.
A mim só cabe amar o amor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Estação

Para de levar em conta a parte lógica do que passa pela sua cabeça em época de amor. Quando estamos na estação do amor as folhas não caem, não florescem, não desabrocham nem mudam de cor. Quando estamos na estação do amor elas cantam. Nao há lógica no canto das flores. Na estação do amor amanhece ensolarado, com gotas de orvalho nos carros e plantas, e anoitece enluarado com uma brisa vinda dos ventos empurrados quando o sol encosta na água e dorme. Fica mais frio, um vestido é tecido nos moldes de cobertas.
Quando estamos na estação do amor, não há lógica que se sobreponha a dura realidade da incapacidade de nós de controlar seus fenômenos. Quando estamos na estação do amor, não há permissividade maior do que a própria aceitação de ser mero cervo. Na estação do amor... amamos, mesmo sem querer.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sonho

Me veja como eu te vendo
Nossos olhos se entendam
Nos percalços dos desentendimentos
Nossos lençóis dão laços, embaraços
E voam quando se descortina a janela

Amanhece e tudo volta ao normal
O único par de chinelos à beira da cama
Me olha com profunda ternura
Consola o momento que acaba no momento em que começa.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Não me limitarei em um espaço amplo.
Prefiro ser regado por um caleidoscópio de idéias
fortemente regidas pelo desbravamento anarquico
das várias formas de arte que se misturam sob aquele teto.

A arte não será institucionalizada...
...não por mim.

domingo, 9 de maio de 2010

Feliz dia... como qualquer outro. (tomara)

   Ja recebeu aquele presente inesperado daquele seu amigo que, sem mais nem porque, achou algo na rua, lembrou de você e resolveu comprar pra te dar?
Então...
Lembra da sua reação ao recebê-lo?
Então...
Ja recebeu aquele presente no dia de alguma data comemorativa (de preferência aquelas que exigem presentes e enchem os shopings)?
Então...
Lembra da sua reação ao recebê-lo?
Então...




   A participatividade das pessoas nas coisas sem nem perceberem o motivo pelo qual as levaram a fazê-lo, se reduz ao meu questionamento do porque continuar. Se eu vir a, por acaso, concordar com tudo que falei anteriormente, certamente não participarei das misérias de, por exemplo, transformar a imagem da mãe (logo da MÃE) em puro dia para aumentar as vendas do comércio e acalentar os corações dos que tem remorso de si, e precisam se enganar pelo menos uma vez por ano comprando um presentinho e dizendo que sente amor no coração, seja por quem for. Acordei. Não preciso de dia nenhum em especial pra dizer palavras de carinho a alguém, parabenizar a mulher por ser mulher, beijar minha mãe, meu pai, mandar flores pra namorada, tirar um ovo do rabo do coelho ou puxar a barba do papai noel pra ver se é verdadeira e quebrar a infância da verdade do natal.

sábado, 8 de maio de 2010

A falta faz falta,
mata.
Falta o pedaço do que ficou.
                           Faz falta o outro que se foi.
                                                           Mata quem sente.

Não mais

Escrever é um pedido que minha agonia faz a mim mesmo
Agonia de estar com a caneta parada em um ponto fixo.
Quando nada que possa formar algo cabível neste espaço
vem a mente, o jeito é falar exatamente sobre isto que não me deixa falar de nada
Porque, se percebeste, chega um ponto em que o único motivo de estar escrevendo é para não deixar espaços em branco.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Doce Ilusão

Gostaria de fazer algumas contatações sobre vagas interpretações: A inconsequência é apenas reflexo da consciência inconsciente que nos leva pelo caminho mais prazeroso - o das perguntas sem respostas.

domingo, 2 de maio de 2010

Depois das 3

Noite nublada
de faróis e copos vazios, frios
Um pensamento
Duas pessoas.
Na calçada enluarada,
que tal uma última?
A primeira do final da noite.
Olha pra cá, veja-me te vendo
E me diga se quando o dia clareia
A gente não encherga o mundo como é,
sendo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cultuado

Texto postado no blog: http://linguaspresas.blogspot.com

Não me pergunte sobre minhas raízes cláustrofóbicas
Que crescem para baixo
Enveredando-se na base desequilibrada
Do que chamam de amor

Na prática de amar
O contrário do que se diz
É a verdadeira face
Do que não se vê

É quase tudo
De frente para o espelho
Vendo-se quase nada

É o copo de vinho esquecido
Pela amnésia da embriaguez
Calibrada
Do poco de vinho tomado.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Alarme

Diante das folhas secas do outono
Meus moinhos de vento pulverizam-se
No ar quente que esfria lá fora

Diante da folhas secas do outono
Meu ar quente se pulveriza
Nos frios moinhos de vento

Ele toca
Toca
Toca
...Está na hora...
Cala a boca.

Diante do frio seco do outono
Minhas folhas caem num balé sincronizado
Secando o asfalto molhado
Das águas passadas de outra estação

Diante do chão seco do outono
A fria pintura que aparece na minha janela
Esquenta meus desejos,
Acalenta teus anseios

Diante das árvores nuas do outono
Penduro enfeites de natal
Cubro-me nú com seu sono
Deitado em nossa cama de casal

Diante da cama quente do outono
Contemplo a nudez ingênua
A minha sala pequena
De onde te vejo: o sol

Deitado ao lado da minha morena
No frio seco da paisagem da estação
As folhas secas caem pequenas
Os moinhos de vento giram, e (pelo menos)
Eu acordo, caio, e não passo do chão.

Ele continua tocando
Eu acordei, levantei
E esqueci de desligar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Luz dos olhos

Apague a luz.

Quando a gente apaga,
a gente encherga o mundo,
por de cima de tudo
que cresce sem nossa autorização.

O que se perde enquanto os olhos piscam
Pode ser o momento
Que vislumbra a criação do mundo,
Realiza sonhos profundos
E mata a saudade daquilo que nunca se teve.

Pode ser o instante
Irreal que nunca se terá
E não há de ser nada
Que não se possa conseguir
Se vocêestiver de olhos bem abertos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pior falta

"O aceitável me sufoca
Rarefeito, e
O que me consome
Não é o meu desejo
É a falta." 




O pior medo é do que não se conhece. A pior falta é daquela que nunca se teve. Tirar uma foto e torcer pra capturar o instante exato em que seus pensamentos se encontram com os meus talvez seria a solução para ter-te. Tudo o que desejas ja foi seu, esta sendo agora, ou será por pelo menos um segundo. Eu ja posso ter tido, posso estar tendo (e nesse caso teria um azar do caralho de não estar presente no presente mais importante de agora) ou poderei ainda ter. Eternizar esses poucos segundos em uma foto me parece o suficiente por enquanto.

Irreal

Ao ouvir sua voz, atada à minha espera
Pelo intermédio de uma linha (que seja) estranha, cortada
Soa como um remédio para minha insônia pré-programada
O unico motivo de estar acordado.

Um copo vazio se enche de palavras não ditas
Tomado como gelo para embebedar sinfonias
Alcançar suas epifanias
Dominar capitanias
Presenciar o ato, instante exato
Que te faça querer o que quero

E assim
Tornar-se-á viva em mim
Só durante a noite que acaba
Quando começamos a nos tornar reais uns para os outros
E irreais para os nossos olhares perdidos
Procurando o que se esconde bem à nossa frente.

Quero tua poesia, teus segredos bem guardados
Insisto em pensar no que escrevo
Como um concurso de palavras que faço comigo mesmo
Tentando achar o que te decifra.

O aceitável me sufoca
Rarefeito, e
O que me consome
Não é o meu desejo
É a falta.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Do luto à luta

A capacidade das pessoas de buscarem a felicidade hoje em dia deveria ser comemorada!
A depressão ja virou o mau do século. Uma cara fechada, um dia cansado, uma lágrima ja representa falta de felicidade. "Anda, tira essa cara. Vai ser feliz." "Que carinha triste é essa? Você precisa buscar sua felicidade". 
Uma busca interminável pela felicidade que se esvaire como nuvens quando você as tenta agarrar com as mãos.
Estar sozinho agora tem o mesmo sentido de estar solitário. 
O momento de intimidade do eu consigo foi apagado pelas luzes do computador que te mantêm sempre em contado com a busca pelo distanciamento da solidão.
Todos tem a obrigação de buscarem a felicidade.
Quando te perguntam quais são seus sonhos, ou o que você quer pra sua vida, você responde: "Quero ser feliz."
Feliz todo mundo quer.
O que você realmente quer?
Antigamente existia o luto: As pessoas reservavam um período para se recuperar da perda de alguém que fazia parte de sua vida e foi-se levando consigo algum pedaço da vida dos outros. Para se recompor. Para respirar, saber como será feito agora, saber lhe dar com a vida sem aquela pessoa que ocupava um espaço ali. 
Hoje em dia não há tempo. Não há tempo para lágrimas, para concentração, para um momento introspectivo de não sorrir, de ficar triste, de estar desanimado. Não há mais luto. Agora é "vai à luta".
Porque tudo é motivo para procurarmos um psicólogo? Estamos bem. Estamos desanimados, tristes, chorando, fodidos, que seja! Nossa autoconstrução gradual e a longo prazo também prevê a pequena dose de infelicidade diária que nos afeta todos os dias. Sim, porque existe aquela dose diária que só nos afeta quando a felicidade realmente não é possível. A insistência não prevê a falha. Essa pequena infelicidade que é essencial mas que está sendo desprezada por ser comparada com um vírus letal ao sorriso que és obrigado a dar sem motivo.

Nos deixem ser felizes em paz!

O som do silêncio

Constatação: Noite passada estive diante de algo que não merece constatações: O amor.

  Uma trilha sonora irlandesa embala a noite. Debaixo de um chão de compensado de madeira o protagonista de uma das maiores divindades do ser humano tocava a própria trilha para quem quisesse ouvir. E quem não ouvisse tbm. Um músico. E como todo músico, gosta de ser ouvido. E como todo músico, se arranjasse uma mulher, arranjaria uma mulher que lhe acompanhasse, lhe ouvisse, prestasse atenção no que mais gosta de fazer. 

- Já presenciei uma cena assim antes: Ela fitava-o com olhos de comer uma torta alemã com amoras. Ele tocava uma bossa nova, e ela dançava com os olhos o ritmo da melodia feita só para ela naquele momento. O homem trabalhava, a mulher o acompanhara, mas pareciam estar sozinhos num quarto, no momento mais intimo do seu amor, provando da mais luxuosa cena de amor protagonizada pelos próprios na cama com um único abajur em uma escrivaninha mal iluminada. As cortinhas balançavam ao som do vento (parte da música) dançando uma valsa ao ritmo da bossa em volta do violão. Isso acontecia na minha frente. Era uma simples troca de olhar entre um músico em um bar (trabalhando) e sua mulher assistindo-o à 2 metros de distância. - 

  Mas dessa vez eu presenciei dois mundos unidos por duas interpretações diferentes da mesma coisa. A música (amor). Dizem que o amor é vibração. E eu digo que acredito.
  Ela estava lá parada enrolada nos caracóis dos cabelos dele, prendidos por um chapéu panamá. Encostada em uma pilastra. Ela sorria. Sorria escutando-o. Mais do que qualquer outro ali, ela o escutava. Ele e sua banda faziam seu som. A principio se parece com a história do outro casal que contei em cima se não fosse por um fator: Ele ama o que faz. Ela o ama e vice-versa. A "vibração do amor" para os dois é amor sentido e vibração sentida. 
  Ela estava lá, parada enrolada nos caracóis dos cabelos dele, encostada em uma pilastra sentindo as vibrações do som, do que ela mais ama fazer, do amor dele. Ela lia os lábios dele ao mesmo tempo que a pilastra lhe dava o som de sua música. Ela ouvia a música dele, mas nunca vai ouvir a musica que ele ouve. Mesmo assim eles ouvem a mesma música por intermediação do amor que sentem, do qual os olhos não mentem. Ele era músico, ela deficiente auditiva de nascença. Ele escolhera para si uma mulher desprovida do instrumento mais importante para um músico. A mulher que o acompanhará, que o escutará nos momentos mais íntimos. A mulher que não o ouve. Ela lê lábios, sende vibrações do som, lê seu coração e sente as vibrações dos dois corações. Ele aprenderá uma nova música com ela. Um privilégio que poucos músicos tem.

  Um privilégio que poucos seres humanos tem: Ter esse amor. 
  Eu tive. Eu vi. Eu senti os dois. Eu chorei naquele dia. Minhas lágrimas caíam cortando a gravidade cantando. Descobri um pouco mais sobre o amor naquele dia.

  Só mesmo o amor.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

(...)

Quando seus pensamentos caminham todos para uma mesma direção,
Seus textos seguem todos uma mesma linha de raciocínio
(ou delírio)
Seus cigarros soltam todos fumaças coloridas com desenhos
A cerveja fica com gosto de vinho (tudo fica com gosto de vinho)
(...)

Nessas horas provavelmente você está apaixonado.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Carta à um velho prefeito e seus amantes

Essa postagem será destinada à minha revolta:

  Excelentíssimo Senhor Prefeito, Jorge Roberto Silveira. Obrigado por renovar o ASFALTO DA PRAIA DE ICARAI, agora não corremos mais risco de nossos prédios deslizarem pelo asfalto velho. Sendo assim, acho que muitas pessoas votarão pelos senhores, de novo, nas próximas eleições afinal eu ando por Icaraí e vejo nos rostos alheios a preocupação, o medo e a tensão canalizada. Pelo que me consta Icaraí foi o único bairro que não sofreu com nada, a não ser uma "laminha" no asfalto e um pouco de água que rapidamente escoou pelas galerias muito bem estruturadas de Icaraí. Só de Icaraí, mas acho que é o que importa não é

  Queria lhes agradecer também por usar de maneira muito proveitosa, devidamente qualificada e informativa o site da prefeitura. Lá (minutos antes do morro do Bumba desabar pelas lágrimas das pessoas que realmente perderam casas, filhos, dinheiro e tudo que tinham) eu vi no site que vocês se preocuparam em nos informar que o PARQUE DA CIDADE estava fechado para visitação. Muito obrigado, senhores!!! Eu realmente estava pensando naquele dia -e pra ser sincero até combinei com um monte de gente- em subir o parque da cidade para apreciar o céu nublado, o mundo caindo, me molhar de lá de cima e descer de bunda escorregando pelo morro até São Francisco. Vocês se preocuparam, enquanto o morro do Bumba estava prestes a vir a baixo, em nos deixar informados para não fazermos visitas e piqueniques à um dos maiores cartões postais da cidade.

  Gostaria de deixar registrado aqui, também, o meu apoio aos senhores por dizerem que não dispõem de dinheiro para ajudar as famílias de maneira mais consistente. É claro, o dinheiro de que precisam está já sendo requisitado para construir a tal torre panorâmica (de frente para a vista maravilhosa da cidade maravilhosa - ou pelo menos nesses ultimos 4 dias não mais) onde Oscar Niemeyer construiu sua última proeza arquitetônica (nada contra nosso mestre). Obrigado por se preocuparem com o lazer dos niteroienses da zona sul (que aparentemente serão os únicos a frequentar tamanha obra de arte) que não tem muitas opções de lazer. "Coitadinhos".

  Já que elogiei tanto vossa eficiência, gostaria de fazer algumas críticas agora. Não se preocupem, são um tanto quanto irrelevantes tamanha são suas buscas por resolver os problemas da nossa cidade. Ontem o vi (Roberto Silveira) na televisão falando sobre os deslizamentos. Acho que o senhor fez uma cara muito sínica, não falou muita coisa que realmente fosse importante e deu alguns sorrisos que não podiam ser dados. Senhor, com algum conhecimento que tenho de linguagem corporal eu posso lhe dizer que, apesar de poucas pessoas o terem como eu, todos percebem quando se está falando sobre algo relevante e sério e há um leve sorriso no canto dos lábios. Tome cuidado com isso da próxima vez.

  Se me permite fazer mais alguns comentários, aqui irei: O governo (aí com o perdão da minha falta de atenção, eu não vi se foi federal ou estadual) disponibilizou alguns milhões para restaurar a região metropolitana. É claro, creio eu, que maior parte desta verba irá para a Lagoa e orla do Rio de janeiro, já que acabou de ser dito na televisão que a frequência destas chuvas e da ressaca que atingiu a cidade (nunca vista, por sinal) serão cada vez maiores. Acho muito válido que essas áreas sejam preparadas, ja que é importantíssimo garantir a segurança da população (da zona sul) e manter a eficiência das ações dos senhores e seus subordinados. Também ouvi dizer que disponibilizarão "kits enchente". Muito bem pensado! "Distribuímos esses "kits" e pronto, ajudamos!". (Desta vez farei uma análize um pouco mais preocupante:  Distribuir "kit enchente" significa aceitar as cada vez mais frequentes enchentes. Mais do que isso, distribuir isto é não fazer mais nada além disto. "Já ajudaram. Eles que se virem agora com o que demos, convivam com as enchentes com o maravilhoso "kit enchente" que receberam!" Pra que reabilitar, colocar esse povo em outro lugar, reconstruir...? Genial. Eu fico impressionado com a genialidade dos senhores.).

  Eles ja estão acostumados a sofrer não é? Se acontecer de novo é só aparecer na televisão, fazer uma cara de sinico, dizer que estão fazendo o possível. Como eu adimiro o senhor, senhor Prefeito!!!
  Hoje eu olho para os senhores e me arrependo de ter falado tão mal e não ter te votado. "É realmente o caso de amor" mais emocionante que eu ja vi na minha vida. Minhas lágrimas caem salgadas, úmidas de pesar. "Desses que ninguém destrói", a não ser que outra chuva torrencial caia e deslize algum barranco de revoltas sobre a cede de sua prefeitura.

  Infelizmente tenho que lhe falar que não votarei, de novo, nos senhores nas próximas eleições. Porque? Porque eu creio que estaram isolados, em Nova York, ou bem longe de Niterói. É compreensível já que, se continuarmos assim,  Niterói vai explodir em merda, ser soterrado por Petrópolis e Teresópolis, ser invadido pelas pessoas que não tem casa (motim) ou ser engolida pelas trombas d'agua e ressacas que atingem nossa orla. Graças a Deus o senhor estará protegido. Os homens que mais amam a cidade precisam continuar sua luta.

Grato pela atenção,
João Arthur Lourenço Soares (uma das pessoas que quer o senhor e sua gangue bem longe daqui.)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sem culpa de ser culpada

Chuva não molha, lava
A alma
Chuva ajuda a acordar
Chuva faz crescer arvores,
Faz encher rios vazios
Aumenta o verde das plantas
Brilha o asfalto envelhecido pelo tempo
Chuva garoa refresca, é cinematográfica
Chuva forte banha, humedece a quentura da vida
Chuva temporal alaga, desce encostas, desliza terras
Destrói casas, bóia carros, mata pessoas.
 
Mas a culpa não é dela, é nossa.












Pensem nisso.

sábado, 27 de março de 2010

Ateliê literário

Suspendendo o território sob mim
Amparado por qualquer lugar ainda desconhecido
Uma marca da ansiedade de descobrimento, uma
Liberdade interna antes estruturada
Em algo que sugeria bloqueio da própria liberdade

A separação com vínculos que não trazem progressividade consigo
A espécie nova em mim
Que dormia quieta debaixo de um céu infinito
Opera agora baseada numa lógica construtivamente nova

O questionamento
O conflito interno cresce em proporções e escalas jamais usadas por mim
O chão se abre sobre minha cabeça
Um sentido amplo transgressor às ideias antes teimadas em permanecer plenas
Tomou conta de meus pensamentos

A sensação do bom funcionamento de mim mesmo
O frio na barriga de um saltador de pára quedas
Que não tem o pára quedas reserva
O conservadorismo de minha prepotência
É desconstruído

Abdico de minha autopreservação
Que com um muro de vidro me separava

Agora navego num mar de novos horizontes
Sinto a brisa causada pelo passar das páginas
Me vejo criança no espelho, novamente
( Daquelas que descobre algo novo)

Sempre inocente
Inconsciente determinado a fazer algo bom para ele mesmo...
Abri um livro.

terça-feira, 23 de março de 2010

Leito

Qual o segredo destes olhos tão lindos
Como o leito do rio que desagua
Na lágrima que cai do brilho terreno
Destes olhos tão lindos...

Bordas que contornam como ondas do mar
As pedras que formam o caminho até o seu lar
Que fica dentro destes olhos felizes

Sorrisos que (en)cantam silenciosamente
Como uma tigresa à caça
E só ouve quem sabe enchergar
Por entre estes olhos tão tristes..


Foto: Lucas Dumphreys

Um dia sem você

Ilusão...
Não quer adimitir que há admissão
Paixão é assim mesmo:
Um dia sem você vira poesia
Desculpa perfeita para qualquer pranto adiantado
Em homenagem ao sofrimento
De amar sem ser amado.





 
"A memória que guardou a dor trancada
Quando precisou, procurou as chaves e não achou"

segunda-feira, 22 de março de 2010

Voa, voa.

"cantando na calada da noite"
Cantando calado.

Toda sua vida
Você estava...

O brilho da estrela não se apaga quando amanhece
Os cabelos negros afagam-me
Em uma noite inesquecível
E trilham o caminho para o vôo da graúna

Canta um sorriso singelo
Gentil cumprimento
Inocência madura
De um ser com asas que abraçam

Olhos calmos e confortantes
Procuram apressadamente
Onde botou a poesia que dormia embaixo do travesseiro
E a despertava como um alarme matinal

Roubaram-na,
Para descobrir o segredo
Do que a faz se apaixonar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Super nova

Um dia chuvoso
Em tons naturais de sépia
Questiona a foto ainda não tirada
Da árvore ainda não plantada.
A câmera de lente opaca
Larga a vida reticente
E revela em seu quarto escuro
Uma bela imagem em movimento
Em direção a uma perspectiva diferente
como gotas de chuva que desaparecem
Após lavar o chão sujo da rua ao lado,
Evaporadas... Sobem sol a cima,
Tornam-se parte do céu
E brilham em cada constelação sob a terra.

sábado, 6 de março de 2010

Pense bem.

"Eu tenho uma caneta na mão."
Muita gente tem uma caneta na mão. Aliás, todos tem o poder de uma caneta na mão.
É isso que preocupa. O que está sendo feito com o poder de uma caneta na mão?
Todos nós nos declaramos alguma coisa, mas sempre esquecemos que para sermos algo precisamos não ser. Eu quero dizer que, se você não sabe sobre o que existe como poderá escolher o que ser e o que não ser? Talvez, agora,  você nem conheça direito o que é.
Desbruçar-se sobre as questões que envolvem seus pensamentos opiniões e críticas talvez não seja sensato quando se trata só de explorar seu interior mental. É preciso muito mais do que só ficar circundando você mesmo, é preciso expandir suas percepções, exercitar sua capacidade de alcance das coisas. É preciso que você olhe em 360º e duplique seu diâmetro a cada volta.
Entender o que há por trás de cada letra do nome das pessoas que passam por você na rua.
Saber que a boa crítica só é dada quando antes se entende o que se vai criticar.
Ter a humilde certeza de que ninguém é livre no que pensa.

Todos tem o poder de uma caneta.
Mas nem todos sabem o que vão escrever com ela, ou se sabem estão enganadas.

Façam, mas saibam o que estão fazendo, por favor. O mundo não precisa mais de cabeças deliberadamente pensantes.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

LED

Leiam ao som de: http://www.youtube.com/watch?v=3f-mzWy-lT0
Amazing Grace - Jeff Beck & Carlos Santana


Descobri no sábado 28/02/10 que Luis Eduardo ou se preferirem LED morreu. Morreu a quase um mês já.

Pra quem não está entendendo nada, eu vou tentar explicar em poucas palavras, mas antes tentar explicar o porque de um post para falar disto: No colégio em que fiz meu ensino médio havia algo em torno de nossa convivência que nos fazia mais do que alunos e professores. Nos fazia humanos, amigos. Mesmo que nunca mais nos víssemos depois dali aquilo perduraria dentro de nós. E perdura agora. Sou eternamente grato a todos que lá me ensinaram a crescer e me preparar pra faculdade (não estou dizendo pro vestibular, estou dizendo pra faculdade).

Uma dessas pessoas foi um professor de biologia extremamente modesto ("só existem dois tipos de alunos: os que me acham o melhor professor do mundo e os que não me conhecem" LED) e que tinha consciência da sua capacidade como professor. Mais importante do que isso, ele amava o que fazia. E mesmo doente a algum tempo NUNCA parou de dar aula, a não ser quando era biologicamente, fisicamante e humanamente impossível por causa das suas internações.
Um homem que amou sua profissão, amou as aulas de deu, amou os alunos que teve, amou sua mulher e sua filha, amou seu colégio e amou sua cidade. Um homem que realmente pode ser chamado de professor. Um homem que agora morreu, mas que permanecerá eterno nos corações que conquistou.
Obrigado, LED, por me dar o PRAZER de conviver com você. Obrigado, LED, por me ensinar biologia. Obrigado, LED, por me fazer sentir orgulhoso de estar sentado de frente pra um dos maiores professores de biologia do Rio de Janeiro. Carregarei a imagem de você no tablado de frente para mim, ja sentado debilitado, ou as vezes em pé com mais energia do que possuía, para sempre.

Eu não passei em biologia no vestibular da UFF para cinema. Acabei fazendo outra faculdade de cinema... Mas biologia nunca foi meu forte mesmo. Meu forte foi sempre reconhecer grandes seres humanos. Você é um deles.

Não consigo mais escrever, estou chorando. Vou procurar teu cemitério, acharei, e lhe entregarei flores. Você merece!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Obra

Uma pintura.
Riscos em vermelho bem tingido
Que se afastam em direção oposta
Mostrando em seu interior manchas brancas que brilham quando sorriem.

Mais acima escorrem ao contrário pela tela ainda fresca
Traços em rosa e azul mal delineados que se ligam de uma ponta à outra
Apertados e bem abertos
Revelando um castanho escuro pela falta de luz
Mas claro pelo brilho da verdade que transparece
Como quem analisa e adimira ao mesmo tempo uma pela pintura.

Em volta da tela vê-se tinta escorrendo
Como algo que foi lançado em forma de bombardeio
Explodiu e seu sangue marrom claro, brilho do sol
Agora percorre (como quem segue o trilho de uma montanha russa em caracóis)
Toda a tela até o final.

Por entre a tinta que desceu ainda vê-se todo o resto da vivacidade de cores das quais citei
E das quais não citei
Pelo simples fato de ter medo da descoberta inevitável
Que farão ao ouvirem o resto da minha descrição e logo após tiverem a comprovação.

Sinto o cheiro de tinta, ainda fresco
Como se a obra tivesse acabado de ser feita
E ainda não tivesse dado tempo de ser copiada
Justamente por não ter sido exposta.

Talvez o quadro nunca seque
Pra mim ele permanecerá
Ainda fresco
Como se a obra tivesse acabado de ser feita
E nunca será copiada, por mais que se exponha.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

02:34

Não quero falar sobre isso
Não quero falar simplesmente pelo fato de que...

Esse assunto nem deveria estar passando pela minha cabeça dessa maneira
Na verdade não quero nem pensar sobre esse assunto
Ele ja era pra ter sido resolvido
Mas eu ainda insisto em acordar a noite ir até a cozinha e tomar um copo d'água
Só pra ficar abrindo a geladeira e ter motivos para pensar 
Sobre as milhões de questões que continuam querendo invadir meus pensamentos
Logo durante a hora de dormir

Talvez não seja a hora de dormir
Mas porque eu ficaria acordado?
Tudo que eu tenho pra pensar eu posso deixar pra pensar amanhã
Resolver amanhã...
Posso dormir com a bela canção de ninar da Consul,
Meu copo d'água ficaria à mesa de cabeceira
Um maço de cigarro ao alcance (para o caso de a insônia ser devassa)
E pronto!

As pessoas tem pressa.
E dizem que não pode deixar pra amanhã o que se pode fazer hoje.
Hoje
Hoje, hoje, hoje, hoje, hoje.
Porque não amanhã? Quando meus pensamentos já vão estar mais organizados,
Quando meu sono vai estar recuperado, quando minhas decisões ja vão estar meio encaminhadas
pelos meus sonhos.
Elas tem pressa. Tem pressa até de viver alguma coisa que eu agora prefiro chamar de "filosofia da geração"... ou ideologia...
E essa particularmente as vezes parece querer ser alguma coisa que foi confundida com ter pressa.

E por falar em filosofia, vamos deixá-la de lado no que tange as reflexões sobre o hoje e o amanhã.
O amanhã para mim - indivíduo prestes a dormir - existe.
Se não existisse não teria compromissos para amanhã.
Ah!
A propósito, ja é amanhã. Ou melhor, amanhã ja é hoje!
Não preciso mais me preocupar
Irei dormir hoje, e acordarei hoje ainda!
Não mais debaterei nem declararei guerra as filosofias de vida mal interpretadas por esses sonambulos mal resolvidos com a própria cama!

Quanto aos meus pensamentos.. eles não vão fugir.

Apaguei a luz, agora confiante de que dormirei sem aflições temporárias
Daqui a alguns minutos desligarei deitado por algumas horas
Meu sono será eterno até eu acordar.

Mudarei o mundo assim que eu levantar da cama.
Há quem chame isso de preguiça...
Se for,
Cuidarei dela quando acordar... amanhã.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Lado B

O encômodo encomoda mais quando os encomodados fazem de si acomodações de parasitas incomodativos, sem perceberem.
Perdem seus sensos de lucidez.
Ganham sensos de moralidade inadequada
Permanecem ativos, desprovidos de alma...
Calma.
O encômodo do qual eu falo não é contagioso nem patogênico.
Nasce quando nascemos
Não morre enquanto vivemos
Mas pode ser vencido enquanto os temos, para sempre.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Circo de horrores

Não quero mais que chamem as pessoas de palhaço
Não aguento mais ver a palhaçada que anda rolando neste circo de horrores
O tabuleiro de xadrez está ficando colorido
Enfiaram estacas, e colocaram uma lona
Parece que vão se apresentar ali
São palhaços assistindo palhaços.

Não, não são.
Acabaram com a imagem do palhaço. O que estão fazendo com as crianças do nosso país?
Estão comparando a inércia e cafonice deles com um palhaço, comparando o mau caratismo e repugnância de políticos com um palhaço. Que criança crescerá não reconhecendo na figura de um palhaço tudo isso?
O palhaço.
Figura única, ainda criança, pura, inocente ser de um mundo que não a merece mais.
Os palhaços deviam morrer e virar santos:
Sujam seus nomes e ainda sim eles viajam o mundo carregando sementes das quais o mundo ja esqueceu de plantar.

Salve palhaço, eu gosto de você.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

No calçadão de Icaraí

Coisas estranhas
Que pessoas estranhas chamam de pensamento
Me enlouquecem pelo simples fato de que pensar em minha lucidez maquinante
Trabalhando a todo vapor por qualquer pombo que lança vôo em câmera lenta
No calçadão de icaraí
Me faz ter mais dúvidas em relação a  minha capacidade de suportar esse fardo do ser humano
Como coisa real e insignificante.

Se olharmos em volta somos qualquer um
Se olharmos de cima somos todo mundo
Se olharmos de fora somos ninguém
Se olharmos de longe (da terra) somos nada
E os meus pensamentos me tornam único
Na capacidade de ser insubstituível
Ser necessário para mim mesmo quanto ser humano

Talvez a máquina à vapor precise ser substituída
Modernizada.
Coração.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Reflexão

Em 05/02/10, tavinho paes escreveu:
MEUS CAROS,

... perdão: é verão, tá quente, tem carnaval, NINGUÉM QUER SABER DE NOTÍCIA RUIM E PENSAR DÓI e eu, sendo poeta, deveria ficar só fazendo poesia que é um pouco menos chato do que política!
... mas, lendo o Le Monde Diplomatique, achei que deveria pensar um pouco a respeito de dados que fui recolhendo em 5 matérias diferentes e em diferentes edições do jornal e mixei num artigo só...
... é curto, informativo; mas não é obrigado a ler nem comentar ou passar adiante!


ai de ti, haiti

.... achei esquisito: em apenas uma semana o Pentágono mobilizou para a ilha do Haiti um porta-aviões, com 33 aviões de socorro e 6 F-14  TOMBCATs; 6 navios de guerra (incluindo um destryer nuclear e dois cruzadores), além de 11 mil soldados. 
A Minustah, missão da ONU para a estabilização do Haiti chefiada pelo Brasil, tinha apenas 5 mil soldados. 
Porque será?Sabemos que a hegemonia dos EUA no seu “quintal” tem uma pedra no sapato: o Brasil democrático dos dias de hoje; e nele, a situação geopolítica global é a seguinte.

– o petróleo é uma riqueza importante; mas é preciso extraí-lo e transportá-lo, o que significa investimento, e, em consequência, estabilidade política. 
– será que o Brasil já é uma potência global:
Avaliem o seguinte:

– O Brasil é o segundo dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ficando atrás em importância apenas da China. 

– dos dez maiores bancos do mundo, três são brasileiros (e cinco chineses). Nenhum destes dez bancos é norte-americano ou inglês. 

– o Brasil tem a sexta reserva mundial de urânio (com apenas 25% de seu território investigado) e estará entre as cinco maiores reservas de petróleo quando for concluída a prospecção da bacia de Santos. 

– as multinacionais brasileiras figuram entre as maiores do mundo. A Vale do Rio Doce é a segunda mineradora e a primeira em mineração de ferro; a Petrobras é a quarta empresa petrolífera do mundo e a quinta empresa global por seu valor de mercado; a Embraer é a terceira empresa aeronáutica, atrás apenas da Boeing e da Airbus; o JBS Friboi é o primeiro frigorífico de carne de gado bovino do mundo; a Braskem é a oitava petroquímica do planeta. E por aí vai...

– ao contrário da China, o Brasil é auto-suficiente em energia e será um grande exportador. 

– nossa maior vulnerabilidade, a militar, pode ser superada graças à associação estratégica com a França. Nesta década, o Brasil fabricará aviões caça de última geração, helicópteros de combate e submarinos devido à transferência de tecnologia francesa. 

– dados do FMI confirmam: até 2020, se não antes, será a quinta economia do planeta. 

– o Brasil já controla boa parte do Produto Interno Bruto da Bolívia, Paraguai e Uruguai, tem uma presença significativa (no mínimo) na Argentina, da qual é sócio estratégico, assim como no Equador e no Peru, porque estes facilitam seu acesso ao Pacífico.

E tudo isso ocorre debaixo do nariz dos EUA. Aí está o osso mais duro para a IV Frota.

O Pentágono desenhou para o Brasil a mesma estratégia que aplica na China: gerar conflitos em suas fronteiras para impedir sua expansão e influência, a exemplo da Coréia do Norte, Afeganistão, Paquistão, além da desestabilização da província de Xinjiang, de maioria muçulmana. 
Na América do Sul, uma constelação de bases militares do Comando Sul circunscreve o país pela região andina e o sul. A pinça se fecha com o conflito Colômbia-Venezuela e Colômbia-Equador.
Agora contará com o porta-aviões haitiano, que desloca da ilha a presença brasileira, até agora dominante, à frente da Minustah. É uma estratégia de ferro, friamente calculada e rapidamente executada. 

O problema a ser enfrentado pelas nações e povos da região é que as catástrofes naturais serão uma moeda de troca – e um grande pretexto - nas próximas décadas. Isso é apenas o começo. A IV Frota será o braço militar mais experimentado e melhor preparado para intervenções “humanitárias” em situações de emergência.

Aliás, o que vem ocorrendo no Haiti é apenas a prática mais atualizada daquilo que Naomi Klein chama de “Capitalismo de Desastre” – vide tsunamis, katrinas, iraques & outros onze de setembro – e o terremoto do Haiti literalmente caiu do céu para os rapazes de Washington. 

PRA TERMINAR: vou citar Condoleezza Rice, a fada madrinha das hecatombes neoliberais, em nota ao Congresso Americano após o Onze de Setembro: ”Esta é uma oportunidade maravilhosa!!!!!!!!!!!!!!”