sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Passarinho de noite não canta.

Na arrastada noite de primavera
de hoje
passarinhos não cantam mais.

Da janela do meu quarto
mil luzes acesas me provam
que se faz dia a qualquer hora.

Pessoas esperando algo.
Acontecimentos que perderam a hora do trem
e não chegam nunca.

Pessoas aprendendo a conviver
com o tédio
noturno.

Passarinhos dormindo.

Pessoas dormindo
acordadas,
sonhando
acordadas,
acordando
acordadas.

Passarinhos dormindo.
Até o que está preso na minha gaiola
e teima em fingir que não ouve o
barulho do teclado.

Soltei. Na esperança de que ele acorde e voe.
Ele o fez.

Agora espero alguém
pra abrir a porta de casa.

4 comentários:

  1. Acho que vivemos a margem da espera que nunca cessa pelo que se segue, o último trem antes da meia noite, a mascará colorida confeccionada às pressas pra quarta feira de cinza, a vividez laranja daquele fogo que persiste em seguir ardendo em meio as cinzas. Seja como for, e por ainda poder se dizer como for, seguimos esperançosos.

    Adorei seu blog, parabéns!

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  2. Obrigado por completar minhas palavras com seu belíssimo comentário!!

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  3. Digo o mesmo a você, ainda que com atraso... Só vi seu comentário no meu hoje, acredita? To presa na gaiola da rotina, sem tempo pra nada! haha

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