sábado, 31 de outubro de 2009

Lua, coelho e bulas de remédio

Não há no mundo
remédios contra desamores.
Não há meu bem
um manual sobre como superá-los.
Mas há no fundo, bem lá no fundo,
naquele lugar, no limite entre nossos delírios e lucidez
a vontade guardada
o desejo de sempre tê-los denovo.
Assim como a lua e suas fases
e o desejo de achar o coelho branco em sua cartola em forma de cratera.
Deitar na grama e passar a tarde esperando ele aparecer denovo
até o dia em que não há mais lua nem coelho.
Depois você descobre que eles reapareceram e corre para ver denovo.
Continuam intocáveis, doces, encantadores.
Com o tempo percebe que eles sempre voltarão
depois de sumirem simplesmente para não se tornarem chatos, enjoativos...mesmos.
E se acostuma com a beleza de terque esperá-los mais uma vez.
O amor é um hábito.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E em três dias fez-se uma era


Os três dias de musica e paz ecoam até hoje nos ideais de jovens e adultos. Passam através da educação dada pelos pais e avós. Woodstock virou nostalgia, para muitos que foram, para muitos que não puderam ir, e o mais importante, para os que nasceram muito depois da “age of aquarius” docemente chamada de “Geração Woodstock”.
     Talvez só o fato de termos jovens que nem sonhavam em nascer vivendo uma nostalgia do que nunca presenciaram já nos mostra a grandeza deste evento. Como se já não bastasse, o mundo teve o prazer de testemunhar ícones do Rock (que eu particularmente gosto de chamar de músicos da geração woodstock) country e outras excelências musicais subirem ao mesmo palco, sem descanso ou intervalo, durante 3 dias, por uma causa comum...Para falarem sobre a mesma coisa
     É muito interessante ver que por mais que os anseios, e a maneira de se expressar a favor destes fosse peculiar e particular daquela época, vemos uma característica forte e decisiva que nos permite ainda nos dias de hoje acreditar que o sonho tão sonhado(com o perdão da redundância) pelos jovens da época é o mesmo que de todos os jovens de gerações posteriores. Hippies, sujos, maconheiros (essa palavra é feia e pejorativa demais) errados, rebeldes, ou qualquer outro “sinônimo”: Assim eram chamados os jovens que foram a este evento, que proclamaram em voz alta o desarmamento nuclear e de suas ogivas que arrancam cabeças, desintegram almas, e tiram a esperança de pessoas que já sofrem para mantê-la. Os jovens que celebravam a paz, seja ela em qualquer âmbito (da paz entre povos à paz entre as famílias). Os jovens que por fim almejavam, gritavam para os ventos, se esgoelavam cantando juntos com as lendas de Woodstock para que a guerra, seja ela interna em nossos corações ou externa em nossas arrogâncias e estupidez, acabasse e para que um dia todos consigam achar o que aqueles jovens, com tantos sinônimos diferentes, que nunca significavam a mesma coisa e sempre simbolizavam algo a ser rejeitado, tinham descoberto antes de todos que os marginalizavam: a essência do amor.

sábado, 24 de outubro de 2009

24 horas

   Aprendi com um amigo meu. Não há provas nem teorias em meus devaneios que me façam tão cedo querer acreditar que de onde vem inspirações possa haver falhas. Até porque nada que me parece popularmente e impercetívelmente aceita convém a ser falho.
   Sou escorpiano, com orgulho (até porque não conheço ninguém que veja em seu próprio signo um motivo para aderir à moda de se sentir depressivo), e como todo e bom escorpiano a intensidade me dá o prazer e a dádiva de saber nadar nos mares mais fortes, andar no terreno mais aspero, respirar na fogueira mais forte e voar no centro do furação, mesmo que todos esses processos tenham sido iniciados por ele mesmo.
   A questão é: meu amigo olha pra você e em 90% das vezes acerta seu signo em meia hora numa mesa de bar, portanto, não introduzi minhas breves palavras desta madrugada começando a falar sobre meu signo a toa...
   Como toda intensidade que eu mesmo posso criar, eu mesmo posso saber que quanto mais tenho certeza da minha capacidade, e mais sei que sei que estou aderindo à causa, mais tesão me dá em deixá-la fluir. Dessa vez resolvi falar de amor, ou alguma coisa menor mas não menos intensa, já que quando eu descobrir que é amor, acabará o encanto de tentar entender porque comigo as coisas acontecem sem me avisar antes e mesmo assim que ja sei que elas estão acontecendo. O interessante é que eu sempre sei antes que Eros consiga descobrir o caminho dos precipícios onde fico sentado assistindo o sol morrer todos os dias até a próxima grande e intensa rodada de poesia e canções a beira do fogo. Lá dentro, no fundo mesmo, eu sempre sei. Da até pra arriscar entender porque ele casou-se com Psiquê. Psiquê é o "fundo mesmo". É a Alma, classicamente falando.
   O mais fantástico é que depois desta tragédia toda eu ainda posso mudar o rumo do sangue que pulsa a favor dos batimentos acelerados de uma pessoa que sabe muito sobre si mesma. Mas eu nunca quero. Deitar à beira do fogo, perto do fogo, como dizia Cazuza, me aquece o rosto e ajuda meu sangue a pulsar na direção que por natureza meu signo foi "castigavelmente" destinado a seguir e que de tempos em tempos o faz com imenso prazer... Como um ciclo de nascer e pôr-do-sol... Bonito, que não começa e termina no mesmo lugar, mas sempre da mesma meneira, em tons de vermelho, escondendo sua perfeição atrás de cada simples paisagem que permita camuflar a essência do seu verdadeiro propósito com rotinas e distrações diárias. Com o tempo ele passa despercebido todos os dias esperando um momento de imperceptível meditação dos que convivem num grande "tudo a mesma coisa sempre", com os sentidos (incluindoo sétimo) viciados e o coração...viciado. Esse momento nós escolhemos sem saber... Mas eu sei o meu. Eu escolhi os precipícios. De lá eu tenho a sensata ilusão de ver o sol por mais tempo antes de esperar outra vez ele aparecer mais bonito às minhas costas sempre tentando me pegar de surpresa. Enquanto espero...deito à beira da fogueira da qual havia mencionado antes.

P.S (aos distraídos):Falei de amor.

sábado, 3 de outubro de 2009

Virtude

V-O-N-T-A-D-E-S.
O ser humano é cheio de muitas vontades.
O prazer de querer coisas demais ao mesmo tempo me deixa vivo.
Eu quero viver.Viver de vontades, viver as vontades, morrer de vontades...Matar as vontades.
E depois?Sentir saudades...de sentir vontades.