sábado, 27 de março de 2010

Ateliê literário

Suspendendo o território sob mim
Amparado por qualquer lugar ainda desconhecido
Uma marca da ansiedade de descobrimento, uma
Liberdade interna antes estruturada
Em algo que sugeria bloqueio da própria liberdade

A separação com vínculos que não trazem progressividade consigo
A espécie nova em mim
Que dormia quieta debaixo de um céu infinito
Opera agora baseada numa lógica construtivamente nova

O questionamento
O conflito interno cresce em proporções e escalas jamais usadas por mim
O chão se abre sobre minha cabeça
Um sentido amplo transgressor às ideias antes teimadas em permanecer plenas
Tomou conta de meus pensamentos

A sensação do bom funcionamento de mim mesmo
O frio na barriga de um saltador de pára quedas
Que não tem o pára quedas reserva
O conservadorismo de minha prepotência
É desconstruído

Abdico de minha autopreservação
Que com um muro de vidro me separava

Agora navego num mar de novos horizontes
Sinto a brisa causada pelo passar das páginas
Me vejo criança no espelho, novamente
( Daquelas que descobre algo novo)

Sempre inocente
Inconsciente determinado a fazer algo bom para ele mesmo...
Abri um livro.

terça-feira, 23 de março de 2010

Leito

Qual o segredo destes olhos tão lindos
Como o leito do rio que desagua
Na lágrima que cai do brilho terreno
Destes olhos tão lindos...

Bordas que contornam como ondas do mar
As pedras que formam o caminho até o seu lar
Que fica dentro destes olhos felizes

Sorrisos que (en)cantam silenciosamente
Como uma tigresa à caça
E só ouve quem sabe enchergar
Por entre estes olhos tão tristes..


Foto: Lucas Dumphreys

Um dia sem você

Ilusão...
Não quer adimitir que há admissão
Paixão é assim mesmo:
Um dia sem você vira poesia
Desculpa perfeita para qualquer pranto adiantado
Em homenagem ao sofrimento
De amar sem ser amado.





 
"A memória que guardou a dor trancada
Quando precisou, procurou as chaves e não achou"

segunda-feira, 22 de março de 2010

Voa, voa.

"cantando na calada da noite"
Cantando calado.

Toda sua vida
Você estava...

O brilho da estrela não se apaga quando amanhece
Os cabelos negros afagam-me
Em uma noite inesquecível
E trilham o caminho para o vôo da graúna

Canta um sorriso singelo
Gentil cumprimento
Inocência madura
De um ser com asas que abraçam

Olhos calmos e confortantes
Procuram apressadamente
Onde botou a poesia que dormia embaixo do travesseiro
E a despertava como um alarme matinal

Roubaram-na,
Para descobrir o segredo
Do que a faz se apaixonar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Super nova

Um dia chuvoso
Em tons naturais de sépia
Questiona a foto ainda não tirada
Da árvore ainda não plantada.
A câmera de lente opaca
Larga a vida reticente
E revela em seu quarto escuro
Uma bela imagem em movimento
Em direção a uma perspectiva diferente
como gotas de chuva que desaparecem
Após lavar o chão sujo da rua ao lado,
Evaporadas... Sobem sol a cima,
Tornam-se parte do céu
E brilham em cada constelação sob a terra.

sábado, 6 de março de 2010

Pense bem.

"Eu tenho uma caneta na mão."
Muita gente tem uma caneta na mão. Aliás, todos tem o poder de uma caneta na mão.
É isso que preocupa. O que está sendo feito com o poder de uma caneta na mão?
Todos nós nos declaramos alguma coisa, mas sempre esquecemos que para sermos algo precisamos não ser. Eu quero dizer que, se você não sabe sobre o que existe como poderá escolher o que ser e o que não ser? Talvez, agora,  você nem conheça direito o que é.
Desbruçar-se sobre as questões que envolvem seus pensamentos opiniões e críticas talvez não seja sensato quando se trata só de explorar seu interior mental. É preciso muito mais do que só ficar circundando você mesmo, é preciso expandir suas percepções, exercitar sua capacidade de alcance das coisas. É preciso que você olhe em 360º e duplique seu diâmetro a cada volta.
Entender o que há por trás de cada letra do nome das pessoas que passam por você na rua.
Saber que a boa crítica só é dada quando antes se entende o que se vai criticar.
Ter a humilde certeza de que ninguém é livre no que pensa.

Todos tem o poder de uma caneta.
Mas nem todos sabem o que vão escrever com ela, ou se sabem estão enganadas.

Façam, mas saibam o que estão fazendo, por favor. O mundo não precisa mais de cabeças deliberadamente pensantes.