sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Passarinho de noite não canta.

Na arrastada noite de primavera
de hoje
passarinhos não cantam mais.

Da janela do meu quarto
mil luzes acesas me provam
que se faz dia a qualquer hora.

Pessoas esperando algo.
Acontecimentos que perderam a hora do trem
e não chegam nunca.

Pessoas aprendendo a conviver
com o tédio
noturno.

Passarinhos dormindo.

Pessoas dormindo
acordadas,
sonhando
acordadas,
acordando
acordadas.

Passarinhos dormindo.
Até o que está preso na minha gaiola
e teima em fingir que não ouve o
barulho do teclado.

Soltei. Na esperança de que ele acorde e voe.
Ele o fez.

Agora espero alguém
pra abrir a porta de casa.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Redenção

"O fundo do mar é o porto de todo naufrágio"  
Luizinho Alves

FADE OUT


EXT.MAR - DIA


Um homem se joga do barco.


INT.HOMEM - NOITE


Um mar se joga do homem.


EXT.MAR - DIA


Um barco naufraga.


INT da EXT.FUNDO DO MAR - NOITE/DIA


Omar, frágil embarca.




Pra
   onde?


                            FADE IN 






Em nada acredito 
a não ser nas pessoas
São elas que estão vivas
Em nada acredito, 
muito menos nas pessoas
São elas que pensam que viver é estar vivo.
Em nada acredito 
mas as pessoas
me fazem acreditar na minha descrença.
Em nada continuo não acreditando mesmo assim
já que as pessoas 
se fazem desacreditar nelas mesmas.
E assim vivemos num mundo, hoje,
de fantasmas:
ninguém se vê
ninguém se ouve
ninguém se move
ninguém se comove
Em tudo acredito, agora
que vi em mim uma descrença 
em mim mesmo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Metade

À todos que querem ser e acham que só ser é o suficiente. 
Ser é muito pouco. 
Eu quero rolar no chão descampado das incertezas universais, 
quero o rastro que deixo quando dou um passo adiante, 
quero lamber a tinta da caneta que me serviu de análise.
Quero as perguntas e não as respostas. 

Quero o meu individual. 
                                  Quero o meu indivíduo 
                                                                  dual.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO COMO ARMA POLÍTICA

Mais uma do meu Tio Ciro Alves da Silva:

A DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO COMO ARMA POLÍTICA

É curioso como a direita faz política no Brasil. Como uma parte da elite social, é obrigada a ter que participar da vida política, para, pelo menos, poder assegurar e manter alguns dos seus imensos privilégios; e, como não pode, evidentemente, revelar, exteriorizar essas reais intenções para a sociedade, pois seria um suicídio eleitoral na certa. Essa mesma direita, através dos seus representantes, legais e ilegais, composta por toda a sorte de ideólogo, conhecidos como formadores de opinião entre aspas, constituídos por jornalistas, cientistas sociais e outros, devido àquelas REAIS INTENÇÕES, que, como afirmei atrás, se reveladas seria o suicídio eleitoral, fica meio numa sinuca de bico, sem ter O QUÊ apresentar como conteúdo, que tivesse ao menos, uma pálida aparência de um projeto político para o país, um arcabouço, que fosse, de como resolver os enormes desafios e problemas nacionais. Dessa forma, a ausência de um projeto macro político, trás para a campanha da direita uma enorme lacuna, difícil de lidar e difícil de resolver. E como a direita resolve esse dilema? Na verdade, não resolve, ela contorna o problema, ela o tangencia. E como isso é feito? Muito simples, disposta a fazer qualquer coisa, para assegurar, manter e ampliar os seus privilégios, a direita dirige todas as suas baterias, armas e ferramentas, em direção ao seu(s) adversário(s) de ocasião. A primeira arma e em algumas ocasiões, bastante eficaz, é a arma da DESQUALIFICAÇÃO DO ADVERSÁRIO, que as vezes funciona muito bem, outras nem tanto, depende da conjuntura, e quando funciona costuma causar grandes estragos ao adversário. É o caso, por exemplo, da questão do DESPREPARO DA CANDIDATA Dilma, e outros exemplos, já são tantos na atual campanha. A questão do aborto, é outro exemplo digno de ser citado, porque a di reita plantou essa questão entre os evangélicos e, de certo modo, deu resultado, atingiu os objetivos desejados, já que levou a eleição para o segundo turno. É a tática de plantar um boato maldito contra um adversário, repetí-lo e reproduzí-lo até à exaustão, e depois aguardar os resultados, esperar pra ver, que bicho vai dar. É legítimo dar um nome a essa prática política, não é outra coisa que, TERRORISMO POLÍTICO, ou seja, criar pânico e alarme entre a população, visando determinados objetivos políticos. Sobre a questão do despreparo da candidata Dilma, algum cronista político comenta num artigo de jornal, revista ou entrevista na tv, que a candidata y não é preparada. Em seguida, outro "formador de opinião", citando aquele cronista, repete o mesmo comentário, e assim, a coisa vai fluindo, vai aumentando, adquirindo vida própria, vai atraindo outros atores sociais para aquela posição. E  de repente, aquilo cola como etiqueta de preç o em mercadoria de supermercado, passa a fazer parte da personagem, como um carimbo, um clichê, escuta-se o nome daquele personagem, e logo aparece na mente aquela idéia maldita. Bem, o estrago está feito, praticamente não tem mais jeito, porque é como se você levasse o adversário para as cordas do ringue, a ele não resta outra opção, que não seja, ficar na auto-defesa, durante o tempo quase todo, e é aí, que vem o desgaste devastador. Dizem que à essa influência, praticamente ninguém escapa, nem mesmo aqueles, que se consideram conscientes. Isso me faz voltar aos anos trinta da Alemanha nazista, todo mundo alguma vez já deve ter-se feito a pergunta, de como uma população tão educada, com elevado nível cultural, foi cair numa roubada ideológica daquela. Mas talvez seja mesmo verdade, que uma mentira bem contada, e depois repetida muitas vezes, tem grande chance de tornar-se VERDADE, e em algumas ocasiões, em verdade quase absoluta. Como a di reita não tem projeto para o país, a não ser usar desses expedientes políticos da pior qualidade, que é a desqualificação do adversário, ainda resta alguma esperança, ou seja, preparar-se a contento, para o combate, para uma espécie de luta de classes na teoria, e desmascar a direita sempre que possível. Já que não dispomos das armas da crítica que, por princípio, não são convenientes, usemos da crítica das armas. É o que estou tentando, muito modestamente, fazer.

LEIAM E PENSEM

Texto escrito pelo meu Tio, Ciro, por causa de conversas com outras pessoas. Alguns deles foram mandados para a FOLHA DE SÃO PAULO:

"Dizer que a alternância do poder político é bom, é necessário, soa quase como um truismo, já que qualquer regime político, só é democrático, na medida que SUPÕE essa alternância. E exatamente é esse, o caso brasileiro, isto é, um regime democrático, pelo menos na esfera política, com eleições livres e direta para cargos executivos, como a presidência, a cada quatro anos, com a possibilidade de reeleição apenas uma vez consecutiva para os cargos executivos. É bom lembrar, que no caso brasileiro, pelo menos no atual momento, o estatuto da alternância não está correndo o menor risco, já que estamos passando, por absoluta normalidade e legalidade democrática, com todas as regras do regime político em vigor, e monitoradas pelo TSE. É bom lembrar ainda, que a questão da alternância como bandeira política, é mais pertinente, quando se está vivendo sob regimes dit atoriais. O que não é, repito, em absoluto, o caso do Brasil. Portanto defender a alternância de poder na atual conjuntura política, apenas por princípio, soa um tanto estranho, porque é como não se pudesse, pelo menos dar alguma chance ao eleitor de julgar determinado governo, a chance do eleitor poder aprovar ou não determinado governo. Dessa forma, não deveria haver, por sua vez, nem mesmo a reeleição, e quem sabe, quiçá, a própria eleição. Pois como o princípio maior, que rege um estado, por aquele ponto de vista, seria a alternância de poder, isto é, a alternância pela alternância, não deve caber mais ao eleitor, de acordo com aquele princípio, repito, decidir sobre o destino do estado anymore. Pois, se porventura, déssemos essa chance ao eleitor, o sistema político correria o risco de, segundo a vontade livre e majoritária do eleitor, dar continuidade a algum projeto político de um determinado governante, ou grupo político, uma co ligação de partidos, etc., COISA ESSA, que bagunçaria, por completo aquele princípio da alternância pela alternância. Portanto, se é dado pela legislação em vigor, ao eleitor o poder, de pelo voto livre, demonstrar a sua vontade soberana, o resultado será sempre IMPREVISÍVEL, porque pode sair vitorioso, tanto a situação como a oposição. Não são favas contadas aquela alternância, compreende? Não é certo que B irá substituir a A. No caso brasileiro, poderia apresentar inúmeros exemplos, mas vamos ficar apenas com o caso do estado de São Paulo, onde o governo tucano já governa lá há dezesseis anos consecutivos, e agora com a presente eleição de 2010, serão mais quatro anos, perfazendo um total de vinte anos de governo tucano, apenas num estado, e não se pode fazer nada para impedir isso, porque foi a vontade dos eleitores paulistas, e dessa maneira não foi possível haver nenhuma alternância. Por essa razão, veja como é complicado, essa coisa d e defender determinado princípio ou tese em abstrato, sem nenhuma conexão com a conjuntura, o contexto e a realidade. Voltando aos tucanos, nunca é demais lembrar, que o projeto de poder original, que os mesmos tinham para o país, também seria de no mínimo vinte anos no governo central, exatamente igual ao que eles estão ocupando na esfera estadual. Vinte anos de paulistério, porque o tucanato é e foi estruturado em Sampa, não é mais como na república velha, onde eles dividiam o poder com a república das minas gerais, a conhecida política do café com leite. Infelizmente pra eles, os tucanos, alguma coisa não fluiu como esperado, alguma coisa deu errado com o governo de oito anos deles, que fez com que o povo rejeitasse, apesar de todo o terrorismo político realizado durante a campanha política de 2002. Dizia-se até, caso Lula fosse eleito, que o Brasil viraria uma Argentina, que passava por uma terrível crise econômica. Imperava e passava-se um clima d e medo para a população, utilizando para esse objetivo, de atores e atrizes famosas, como foi o caso de Regina Duarte, lembra-se? HOJE, passados esses anos todos, podemos dizer com segurança, que o governo fhc, sucateou as universidades federais, arroxou os salários dos professores concursados, provocando um êxodo muito grande de doscentes, terceirizou-se o ensino e outras funcões e carreiras públicas, com enorme prejuízo na prestação dos serviços públicos à população carente, que é a que mais precisa dos serviços públicos. Tudo isso vinha no bojo do objetivo de reduzir o tamanho do estado, o chamado neo-liberalismo, que só podia se dar apenas na esfera econômica, porque a esfera política era um feudo, como acima, um projeto de vinte anos de poder. Fez-se a privatização de empresas públicas, usando o critério de aos amigos tudo, inclusive recursos do BNDES, aos inimigos nada, a ponto de numa conversa telefônica grampeada na época, o ministro Men donça de Barros dizer, que era uma temeridade fazer a privatização daquela maneira. O outro objetivo com as privatizações, seria reduzir o tamanho da dívida, e o resultado, pelo menos no que tange à dívida interna, multiplicaram-na por dez. Não havia quase crédito na praça, apenas os mais ricos podiam financiar a compra de imóveis e outros bens de consumo durável. A compra da casa própria para gente de baixo poder aquisitivo, não existia desde que faliram com o BNH. O salário mínimo, que era mínimo literalmente, não podia subir porque quebraria com previdência social, esse era um mantra por demais repetido ad nauseum. O país não crescia, e a desigualdade, que com o Real, havia melhorado um pouco, quer dizer, feito umas cosquinhas de nada na miséria, depois acomodou-se e acabou estagnando-se. Conforme foi se aproximando o fim do governo fhc e, com as enormes transferências de recursos públicos para os mais ricos, com o pagamento do aumento de jur os, as privatizações via BNDES, que como sabemos, as transferências de recursos do BNDES foi as escâncaras, a DESIGUALDADE E A INJUSTIÇA SOCIAL só fez aumentar. Distribuia-se recursos para determinados grupos econômicos e até mesmo indivíduos, poderem adquirir empresas e bancos estatais, sob critérios secretos e nada nada transparentes. Enfim, a lista de casos e exemplos são quase infinitos, prefiro, portanto, parar por aqui e deixar ao seu critério particular, fazer o juízo que desejar."


Ciro Alves da Silva.

PUBLICADO NO JORNAL DE ECOMONIST


 VALE A PENA LER, se bem que alguns ítens da lista abaixo, já estão defasados, como por exemplo: o salário mínimo pelo último câmbio do dólar à 1,70, seria 300 dólares; as reservas já perfazem mais do que 280 bilhões de dólares; o crédito disponível ao consumidor já ultrapassou os 45% do PIB, ou seja saímos de um patamar de algo em torno de 400 bilhões de reais em 2002 para algo como 1,6 trilhões de reais, não é pouco, não é mesmo? E tem a perspectiva de crescimento; E para concluir foram disponibilizados até o presente momento, mais de 14 milhões de empregos com carteira, segundo os dados do CAGED, e a previsão até o final de 2010 será ultrapassar os 15 milhões de empregos, e não os 11 milhões da lista abaixo. Abraço a todos mais uma vez, é preciso ficar atento e forte, como cantava Gal nos anos setenta. 

Ciro Lourenço.

PUBLICADO NO JORNAL THE ECONOMIST

The Economist publicou!
Situação do Brasil antes e depoisItens
Nos tempos de FHCNos tempos de LULA
Risco Brasil2.700 pontos200 pontos
Salário Mínimo78 dólares210 dólares
DólarRs$ 3,00Rs$ 1,78
Dívida FMINão mexeuPagou
Indústria navalNão mexeuReconstruiu
Universidades Federais NovasNenhuma14
Extensões UniversitáriasNenhuma45
Escolas TécnicasNenhuma214
Valores e Reservas do Tesouro Nacional185 Bilhões de Dólares Negativos160 Bilhões de Dólares Positivos
Créditos para o povo/PIB14%34%
Estradas de FerroNenhuma3 em andamento
Estradas Rodoviárias90% danificadas70% recuperadas
Industria AutomobilísticaEm baixa, 20%Em alta, 30%
Crises internacionais4, arrasando o paísNenhuma, pelas reservas acumuladas.
CambioFixo, estourando o Tesouro Nacional.Flutuante: com ligeiras intervenções do Banco Central
Taxas de Juros SELIC27%11%
Mobilidade Social2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
Empregos780 mil11 milhões
Investimentos em infraestruturaNenhum504 Bilhões de reais previstos até 2010
Mercado internacionalBrasil sem créditoBrasil reconhecido como investment grade