segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tenho fobia de sala de aula. Não consigo me moldar na cadeira que me compraram para sentar. Não agüento ouvir os brados dos professores atrasados na própria época que arranjam maneiras de tornar tragável o ar mofado do quadro “negro”. Cheirar o pó do giz e descer as escadas ouvindo lamentos disfarçados de conversas interessantes, nas universidades. Tenho fobia de sala de aula. Prefiro os devaneios sem sentido dos moradores das boemias de bares de esquina ao comodismo pragmático dos homens escolarizados, robotizados. Quero a mentira orgânica, o erro verdadeiro, o não-eu, o não-nós, nosso. A memória vazia de estigmas antigos e o veneno doce do escorpião que pica o próprio corpo pra provar que não tem sangue de barata.

Alegria, Alegria.

Estou com medo de desistir da felicidade. A felicidade que se mascara oferecendo limitações como vantagens, polenizando sorrisos em panfletos de eventos, praias com sol e atribuindo conhecimento a universidades do século passado. É, a felicidade foi banalizada pelos que não a reconhecem como um estado de espírito, aceita pelos que se desesperam para tê-la. Como serei sem ser feliz? Estaria eu indo na direção certa se preferisse o sentimento orgânico a plasticidade cultivada em estufa para crescer robusta e fagocitar os carentes de sentimentos “anti-depressivos”? Não quero mais brincar de sorrir atoa. Quero sorrir atoa por não me vender a preço de custo para quem produz felicidade em série. Me manterei triste se esse for o único jeito de continuar tendo o controle sobre o nó da minha garganta, o sopro do meu coração, o frio da barriga.

Depois do sono

No reflexo do espelho embassado te vejo me olhando do banho. Eu, ainda cambaleando do sono,ardo ansiando pelas gotas d’água que ainda restarão do seu corpo recém enxugado. Descendo aos pés e regando meu pisar descalço, nos afogando em sussuros, claustrofobicamente em volto a um abrigo notívago que mas parece o repousar dos seus cabelos sobre a cama. Deito. Leito. De peito aberto e porta fechada. Espero-te voltar... Demora... Já se passaram 10 minutos desde que você se levantou.

Entre chaves

O momento. Intigante como o fogo de uma vela acesa que a cada movimento desfaz sua forma para imediatamente assumir outra, e depois outra e depois outra... O momento. Doloroso e doce como a ponta de uma caneta, como um cigarro aceso, como uma pálpebra se fechando. No momento, o agora, descubro o futuro do que não fui. E a cada momento estarei paralisado pelo tempo, consumido pelo futuro, no qual eu não sei quem serei.
O tédio é o mal do tempo, é o fundo vazio que surge quando tudo parece insatisfeito na vida.
O amor é egoísta. Ele quer ser amado. Anseia a correspondência na mesma intensidade, abdica de liberdade para amar a quem se quer.