sábado, 24 de outubro de 2009

24 horas

   Aprendi com um amigo meu. Não há provas nem teorias em meus devaneios que me façam tão cedo querer acreditar que de onde vem inspirações possa haver falhas. Até porque nada que me parece popularmente e impercetívelmente aceita convém a ser falho.
   Sou escorpiano, com orgulho (até porque não conheço ninguém que veja em seu próprio signo um motivo para aderir à moda de se sentir depressivo), e como todo e bom escorpiano a intensidade me dá o prazer e a dádiva de saber nadar nos mares mais fortes, andar no terreno mais aspero, respirar na fogueira mais forte e voar no centro do furação, mesmo que todos esses processos tenham sido iniciados por ele mesmo.
   A questão é: meu amigo olha pra você e em 90% das vezes acerta seu signo em meia hora numa mesa de bar, portanto, não introduzi minhas breves palavras desta madrugada começando a falar sobre meu signo a toa...
   Como toda intensidade que eu mesmo posso criar, eu mesmo posso saber que quanto mais tenho certeza da minha capacidade, e mais sei que sei que estou aderindo à causa, mais tesão me dá em deixá-la fluir. Dessa vez resolvi falar de amor, ou alguma coisa menor mas não menos intensa, já que quando eu descobrir que é amor, acabará o encanto de tentar entender porque comigo as coisas acontecem sem me avisar antes e mesmo assim que ja sei que elas estão acontecendo. O interessante é que eu sempre sei antes que Eros consiga descobrir o caminho dos precipícios onde fico sentado assistindo o sol morrer todos os dias até a próxima grande e intensa rodada de poesia e canções a beira do fogo. Lá dentro, no fundo mesmo, eu sempre sei. Da até pra arriscar entender porque ele casou-se com Psiquê. Psiquê é o "fundo mesmo". É a Alma, classicamente falando.
   O mais fantástico é que depois desta tragédia toda eu ainda posso mudar o rumo do sangue que pulsa a favor dos batimentos acelerados de uma pessoa que sabe muito sobre si mesma. Mas eu nunca quero. Deitar à beira do fogo, perto do fogo, como dizia Cazuza, me aquece o rosto e ajuda meu sangue a pulsar na direção que por natureza meu signo foi "castigavelmente" destinado a seguir e que de tempos em tempos o faz com imenso prazer... Como um ciclo de nascer e pôr-do-sol... Bonito, que não começa e termina no mesmo lugar, mas sempre da mesma meneira, em tons de vermelho, escondendo sua perfeição atrás de cada simples paisagem que permita camuflar a essência do seu verdadeiro propósito com rotinas e distrações diárias. Com o tempo ele passa despercebido todos os dias esperando um momento de imperceptível meditação dos que convivem num grande "tudo a mesma coisa sempre", com os sentidos (incluindoo sétimo) viciados e o coração...viciado. Esse momento nós escolhemos sem saber... Mas eu sei o meu. Eu escolhi os precipícios. De lá eu tenho a sensata ilusão de ver o sol por mais tempo antes de esperar outra vez ele aparecer mais bonito às minhas costas sempre tentando me pegar de surpresa. Enquanto espero...deito à beira da fogueira da qual havia mencionado antes.

P.S (aos distraídos):Falei de amor.

2 comentários:

  1. que vinho foi esse hein?
    (rs)
    Um dia ainda vou me arriscar a escrever sobre amor também. Acho que nesse dia vou me descobrir um pouco mais.
    Lembrei do primeiro verso do camões quando comecei a ler. Mas prefiro o seu texto (camões não me convence mais)

    p.s: nunca descobri tanto sobre o seu signo rs.

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  2. Hey, depois eu sou quem escreve bem.
    E tenho dito, menino talento!


    - Sorrisão -

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