quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Carta à um velho amigo.

Do alto da janela vejo um tempo que se foi. Vejo as mesmas coisas daquele tempo, talvez porque agora eu olho para a janela e não vejo minha vida passar por ela. Fico pensando em como estariam agora... Que rumo escolheram para as vidas que dividiram conosco como se fossem segredos que não podem ser revelados? Sim meu amigo, nós também escolhemos rumos diferentes. Nossos olharem se direcionam para coisas diferentes agora, nossa vida caminha para lugares desconhecidos, mas escolhidos por nós. Nosso amor pela vida agora tem outro significado. 
Crescemos. 
Mas continuamos iguais! 
Ainda te conheço, ainda somos os mesmos amigos de antes, não mudou nada entre nós. 
Mas e eles? 
Que saudade deles.
Usaram ternos conosco na formatura, compartilharam sonhos ao amanhecer antes da primeira aula, fingiam que estudavam conosco quando inventavamos isso só para estarmos mais um tempo juntos depois da aula.
É, meu amigo...
Porque continuamos como antes mas tão diferentes das nossas vidas antigas? Será que fomos nós que mudamos demais antes da hora ou só amadurecemos? Como será que eles devem estar pensando? Já devem ter feito estas perguntas também. Amadureceram também. 
Quando era menor, queria poder guardar as coisas que aparentemente íamso perder um dia numa malinha da qual só eu tinha a senha e poderia abrir a hora que quisesse para visitar. Todas essas coisas agora só existem na minha saudade e nesse texto que pode não estar dizendo nada para você que está lendo, meu caro amigo, ou para os que algum dia irão passar por este blog e ver que estas palavras as vezes choram.
Ás vezes me pego sonhando...sonhando com meu futuro, sonhando com meu passado...Hoje, meu grande amigo, estou feliz de te ter como antes, como nunca deixou de ser. Talvez eu no fundo saiba o que nos deixou unidos ainda até agora... Somos artistas. A arte nos deixou mais sensíveis, nos colocou com mais presença diante das mesmas coisas.
É um prazer continuar vivendo contigo, meu eterno amigo.
Não sei como será quando avançarmos de fase novamente, mas ja ficou claro para mim pelo menos, que nós somos mais do que personagens do passado um do outro.


Do alto da janela, eu vejo a mesma cidade... As mesmas pessoas passando e alguns amigos ainda tentando o vestibular. Do alto dessa janela, ja não enchergo mais uma realidade que era minha. Algumas coisas ficaram para trás (ou seria melhor falar 'lá trás"?)...
Que sorte eu dei em não perder você.

2 comentários:

  1. Você não sabe o quanto eu me enxerguei nesse seu texto. Estou sempre olhando por uma janela, uma fresta que seja, qualquer abertura que fale com o tempo querido lá de trás. Carrego imensas amizades de ontem para o agora. que eu não considero ontem, pois são tão fortes que as considero atemporais. A vida vai tomando outros rumos, mas aprendi tanto com aquelas pessoas que sorrio até hoje só de pensar. As amizades de hoje me ajudam a recordar. Isso tudo é lindo demais, às vezes triste, nostálgico, mas uma dádiva =)

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  2. Belo texto... Compartilho das mesmas sensações, angústias e percepções, constatações e nostalgias. Mas o que me conforta é que nada é maior que a certeza de seguir nessa trajetória que escolhi, escolhemos. Vamo que vamo!! Amo você, irmão.

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