quinta-feira, 28 de julho de 2011

Prólogo

Se já desandas com a sorte,
O que lhe resta
Se não o porte da dor
Que encobre a morte
Da flor,
Com uma máscara
Plástica, reavivando-a
Mentirosamente.
A dor carinhosa
Companheira entorpecente
Caminha decente no horizonte
Esquecido da razão.
Tola satisfação
Dizendo-te:
Vá, dobre as barras da calça
Erga os olhos sobre as copas
Das árvores
Veja-se passarinho.
Canto não há
No objeto ilusório
Da decisão.
O silêncio comovido
Das lágrimas
Enxuga o término
Do contínuo alvorecer
Das idéias,
Escassas devido ao cansaço
Do corpo: projeta-se no corpo.

Pena de ti que
Sem, torna-se nulo
Com, torna-se outro
Junto, torna-se tolo
Único, torna-se pouco
E morto, torna-se útil.

Um comentário:

  1. Existe um peso de dor existencial, daquilo que não crê; nem na copa da árvore frondosa, tampouco no canto dos pássaros, que, ao meu ver, simboliza a beleza e a plenitude da natureza, embora até redobre a bainha para (talvez quem sabe com os pés na terra) sentir-se mais vivo.

    Quer saber? Ouso dizer: tiraria td. Manteria apenas:

    Pena de ti que
    Sem, torna-se nulo
    Com, torna-se outro
    Junto, torna-se tolo
    Único, torna-se pouco
    E morto, torna-se útil.

    Que pra mim é tudo! Sim, o tratado é o amor ao verso e não o desprezo ao contexto estético!

    ResponderExcluir