sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sinal de fumaça

O Programa de Silêncio Urbano (PSIU) da Subprefeitura do Centro e Centro Histórico do Rio de Janeiro, amparados pela Lei do Silêncio e quaisquer outras de mesmo caráter duvidoso que não prevê as convenções barulhentas dos carros, ônibus, geradores de supermercados, buzinas ou qualquer outro tipo de "incômodo público", está (às escuras) intimando o fechamento de casas de shows e outras similares que recebem com seu alento as manifestações artísticas/culturais genuínas do povo carioca.
O PSIU, assim como o CHOQUE DE ORDEM, pretendem cobrir, ocultar, marginalizar, coagir, esconder e impossibilitar qualquer tipo de manifestação cultural e artística de caráter ideológico diferente do atual, em gestão oficial, através de justificativas limitadas pela ignorância em que os mentores de tais leis se encontram.
Não me farão de idiota.
Do contrário me refugiarei em nossas tocas, pularei das docas até o porto mais fundo de nossas concepções ainda em resistência, reconstruirei as ocas para que lá suba até o mais alto céu, em fumaça e fogo, a projeção onírica, catartica, xamânica e sideral da arte de confronto.
Se me perderem pelo caminho, saibam que eu morri.
Morri antes de ver a derrocada final, o último embate, a última lasca de árvore ser transformada em porta para nos fechar em pudor de nossa própria carne viva.
Morri logo depois de ter subido aos céus na vã tentativa de tentar posicionar nossas angústias a uma distância que todos pudessem enchergar. E aí eu cai. E em queda livre evaporei, parte por parte até só restar a poeira do meu sangue jorrado em nome de uma antiga lenda chamada utopia.

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